Dia 6 - O Ler e o Escrever

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Même do dia: Hoje não há.

Canção do dia: Hoje também não há, mas senti-me tentada a escolher uma bem pesada considerando que a temática escolhida para hoje é-me bastante querida.

Quem me conhece sabe que eu adoro livros e adoro ler (e por isso é que até tenho o blogue do Anãozinho de Jardim). É, aliás, uma das minhas actividades favoritas a par com jogos de computador. Para além destas duas coisas que eu amo do fundo do coração, há ainda uma outra coisa que adoro fazer e que é escrever. Não estou a falar de escrever posts em blogues nem nada disso, até porque escrever posts num blogue é algo bastante básico. Estou a falar de escrever mesmo. Criar personagens, criar enredos e contar histórias através da escrita.

No entanto, apesar de gostar imenso de fazer isto e de ter trabalho feito, nunca publiquei nada. E nunca publiquei nada porquê? Ora bem, essa é a pergunta que toda a gente me faz e até agora eu não tenho conseguido responder. Nunca publiquei nada, acima de tudo, porque acho que aquilo que escrevo nunca está bom o suficiente para ser publicado e eu não quero publicar coisas que sejam um cocó. Eu quero ser como o Tolkien, quero criar um mundo inteiro com características e línguas próprias e até agora não consegui fazer isso. A percepção disto, por si só, deixa-me frustrada porque acho que todo o mundo que criei, até agora, não está perfeito o suficiente.

Neste caso específico, eu sou o meu pior inimigo.

Todavia, há precisamente uma semana atrás, aconteceu uma coisa que me deixou - até hoje nem sei bem porquê - furiosa. Vi este artigo na Revista Sábado e tenho de confessar que a minha reacção foi, simplesmente, "W-T-F"!!!!

De hoje em dia o mercado está inundado de pseudo-autores. Então de livros de Auto-ajuda é algo surreal, cada gajo(a) que dá um pum escreve um livro sobre as virtudes de se dar um pum em diversos contextos. Depois há aqueles que aproveitam a embalagem fazem a derivação do pum para um plano mais espiritual, tipo o Pum Sagrado; ou aqueles mais técnicos que optam por uma abordagem mais fact-checking à laia de Toda a Verdade sobre as percentagens de dióxido de carbono emitidas por um pum. As editoras adoram isto porque há um mercado, gigantesco, de pessoas ávidas por consumir toneladas de informação sobre o pum. É claro que, pessoalmente, ainda não tinha visto uma história de ficção acerca do pum, ainda por cima classificada com 5 estrelas, mas tenho a certeza que deverão haver várias.

Como consequência prática temos uma série de gente, que não escreve um "boi", a usurparem títulos que não lhes pertencem. Pessoas que se arrogam o direito de usar a denominação de "autor" e/ou "escritor", quando nem se dão ao trabalho de utilizar um corretor de texto antes de publicar o que quer que seja. Por outro lado, também temos editoras que não se dão ao trabalho de rever textos e publicam toda a porcaria que lhes aparece pela frente. Por isso, sim, toda esta situação incomoda-me e o facto de existirem pessoas que, deliberadamente, desvirtuam o conceito clássico de "Escritor" também, já que para mim é uma espécie de facada na alma.       

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